quinta-feira, 19 de maio de 2011

Algumas análises sobre o mercado de trabalho

Fiz uma consulta simples no portal do IPEADATA sobre a dinâmica do mercado de trabalho e analisei uma série histórica de janeiro de 2002 a março de 2011 da população economicamente ativa, que chamei de endógena, e suas respectivas variáveis exógenas: população com carteira assinada, população sem carteira assinada, empregados por conta própria (autônomos) e empregadores (empresários).

Fiz um modelo simples que calcula a elasticidade dessas variáveis, no qual é apresentado na seguinte forma:

Ln(PEA) = Ln(POCA) + Ln(POSCA) + Ln(EMPRE) + Ln(PCP) + e

Onde:
Ln(PEA) = elasticidade que calcula a dinâmica da população economicamente ativa
Ln(POCA) = elasticidade que calcula a dinâmica da população com carteira assinada
Ln(POSCA) = elasticidade que calcula a dinâmica da população sem carteira assinada
Ln(EMPRE) = elasticidade que calcula a dinâmica do empregador (empresários)
Ln(PCP) = elasticidade que calcula a dinâmica da população que trabalha por conta própria (autônomos)
e = erro estatístico

Rodei o modelo e encontrei um R² = 98,14%, ou seja, a probabilidade das variáveis explicarem o modelo apresentado é de 98,14%. Também foi calculado o F Global de Significação que gerou um resultado para F = 1.373,91, a um valor p < 0,000. Portanto, a análise global do modelo é estatisticamente significante, definindo que as variáveis exógenas explicam o resultado da variável endógena.

Não pretendo elaborar um modelo científico e nem esse é meu propósito já que me utilizo de uma estatística básica para apresentar meu modelo. A ideia é explicar em um modelo simples o objetivo que pretendo atingir.

Após a explanação acima, verifiquei o resultado e ele resultou na seguinte função matemática:

Ln(PEA) = 0,3074xLn(POCA)+0,1068xLn(POSCA)+0,2570xLn(PCP)+0,090xLn(EMPRE)+3,5650

Todos os resultados são significantes a uma probabilidade p = 5%. Ou seja, a hipótese de as variáveis serem nulas é menor do que 5%. Desta forma elas são estatisticamente significativas.

Para efeito de elasticidade, quando mais próximo de um mais elástico é a variável. No inverso, quando mais próximo de zero menos elástico é a variável (inelástico).

Concluindo então a análise, quando eu aumento em 1% a minha população economicamente ativa, posso ter uma resposta de escolha que 30,74% serão contratados com carteira assinada, 10,68% estarão na economia informal, 25,70% serão autônomos e 9% serão empreendedores.

Nota-se claramente pelo resultado que o Brasil é um país que não mira no aumento da competitividade e do dinamismo. Se muitas empresas estão sofrendo um apagão de mão de obra qualificada se deve ao fato de nossos trabalhadores não terem iniciativa própria para proliferação de novos negócios ou o governo não tem ajudado na formação de empresas, já que temos uma taxa de 9% na formação de empresários.

É um bom caso para pensarmos como resolver este impasse e melhorarmos o nível de competitividade da economia, com a formação de novas empresas. Se a economia brasileira responde por 25,70% de autônomos, acredito que temos empreendedores individuais que estão sufocados pelo sistema de entrada e permanência na manutenção de seus negócios influenciados principalmente pela força que tem a atual carga tributária brasileira.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010: conquistas e derrotas; 2011 uma incógnita

Como todos os anos, desejamos feliz ano e nos despedimos daquele ano que fica. O passado é como um tênis que, de muito uso, já não é perfeito em sua sola, os cadarços já estão encardidos das vezes que pegamos chuvas e foram secados pelo sol.

Mas, com o espírito renovado, no próximo ano nos esquecemos das pequenas coisas que fizeram nosso tempo evaporar, de tão pequeno fora nosso sentimento. Mas, algumas conquistas jamais serão esquecidas e sempre serão lembradas.

Neste ano eu me casei, jurei amor eterno a minha esposa, cultivei minha nova cria: a minha filha Lívia que está por vir, eu me graduei em ciências econômicas (hoje me dando ao luxo de falar que sou economista e partindo já para voos maiores). Há quantas alegrias me foram reservadas neste ano de 2011, até que...

Meu pai... Oh, quanta saudade! Ele se foi quando menos eu esperava. Foram tantas transformações em minha vida. Tantas alegrias e bênçãos de Deus no meu caminho trilhado e ele foi se despedir no melhor da festa? Por quê? É a pergunta que um dia terei a resposta, mas não agora. No momento ficarei com minhas crenças e buscar o entendimento junto com a natureza, já que a vida é um equilíbrio.

Em 2011 novos textos surgirão. Bons ou ruins, eles estarão aqui nesse blog para serem criticados, elogiados e melhorados, tudo dependendo da participação do meu leitor.

O que lhe desejo não são todos os dias de alegrias, pois a tristeza tem que existir para você perceber que nem tudo na vida é glória. Que ganhe dinheiro e que aprenda que receber é bom, mas reconhecer é melhor ainda. Você não alça sonhos sozinhos. Eles são feitos de uma turbina de emoção e um elo entre todas as partes que compartilham contigo o mesmo anseio e desejo. Saiba reconhecer a participação de todos, para não perder seu maior patrimônio: amigos. Eles fazem toda a diferença. A família deve ser muito valorizada, já que ela lhe entende (descontando às vezes que acontece um atrito, faz parte do jogo e o resultado é muito melhor do que um dia na tempestade). Deus acima de tudo. Ele é aquilo que você acredita, pois não existe vitória sem a força interior. E, antes de finalizar, não se esqueça de uma pessoa importante: VOCÊ. Nada melhor do que contemplá-lo. Pois, afinal, você faz toda a diferença nesse mundo e você pode fazer a sua revolução dá certo, só basta acreditar.

Despeço-me com o agradecimento de sua participação e lhe desejando o melhor que escolher para 2011. Suas forças serão renovadas e novas verdades lhe surgirão. Aprenda a conviver com você mesmo. Forte abraço!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Fazendo conta de padeiro para entender o caos aéreo

Vamos brincar com a conta de identidade da economia real em macroeconomia para entendermos porque o governo constituiu o caos aéreo?

Para basearmos nossa análise, primeiro temos que entender a dinâmica em uma economia de mercado. Quando eu trato de mercado, entendemos que a economia gira em equilíbrio entre demanda e oferta. Que o saldo do estado é zerado, ou seja, não existem déficits nem superávits, a poupança privada é totalmente revestida para investimento e que não existe escassez interna. Nesse primeiro momento não avaliaremos o setor externo. 

Diante desta colocação, entenderemos o que se passa no Brasil quando tratamos de aeroportos e empresas aviárias.

Em economia real trabalhamos com a seguinte identidade: S(Y – T) + T = I(r) + G. Onde S é símbolo de poupança; Y é o produto dessa economia; T é a receita do governo, ou seja, tributos; e I(r) é o investimento influenciado pela variável exógena r, que significa taxa de juros. Para quem não sabe, variável exógena é àquela manipulável pelo governo, enquanto a variável endógena é a resposta de dada política. Por exemplo: se aumentarmos os juros, o que ocorrerá com o investimento? Ele reduzirá. É assim que funcionam as variáveis econômicas.

Nota-se que a poupança é o “resto” do produto subtraído da receita governamental. Sendo assim, um aumento nos impostos, reduz a poupança.

Fazendo uma distribuição idêntica entre as contas, perceberemos que: [S(Y – T) – I(r)] é o resultado econômico dos agentes privados e (T – G) é a poupança governamental.

Pois bem. Ao fazermos esta distribuição percebemos claramente que aumento nos tributos reduz a poupança privada, já que o produto é a resposta econômica quando amplicamos variáveis exógenas. Mas, para ocorrer compensação, o juro tem que ser ampliado para não impactar na disponibilidade privada de recursos. Quem perde nessa economia é quem não tem capital para investir em títulos que são pagos por esses juros.

Nesse caso, aumenta a demanda por títulos pagos por altas taxas de juros, reduzindo o nível de investimento econômico e a geração de emprego e renda. Isso olhando pelo lado da demanda privada por recursos.

Olhando pela ótica do estado. Um aumento nos tributos eleva a poupança do governo e para ter compensação, aumentam os gastos governamentais dependendo da resposta da economia privada, pois a curva de equilíbrio é: [S(Y – T) – I(r)] = (T – G). Só que o governo, já que ampliou poupança, deve elevar os gastos com investimento, já que a iniciativa privada está imóvel nessa dinâmica. Sua absorção interna foi reduzida e cresceu a demanda por títulos públicos, já que a definição dos juros é uma política de estado.

Aí que nasce o problema. O governo elevou o investimento público para suportar a elevação da demanda agregada pelo serviço aviário brasileiro? Infelizmente não. Ocorreu o inverso. O governo elevou gastos de custeio, inibindo mais ainda o setor privado que, sem mobilidade, ampliou a procura por títulos públicos cada vez mais atrativos.

Com a facilidade nos pagamentos privados para comprar passagens (podendo ser dividido sem juros até em 10 vezes), a camada da população mais pobre, que sofre com a elevação dos juros, consumiu esse serviço e reduziu sem bem-estar com ampliação das dívidas. O governo alavancou a demanda agregada sem elevar a oferta, ampliou os créditos para endividamento e reduziu a poupança privada.

Desta forma, em um mercado mais fechado e com uma curva de oferta inalterada, a demanda prejudicará a economia de mercado, já que foi ampliada, para elevação dos preços praticados nesse serviço. É assim que nascem as inflações que vivemos no momento. Fora outros fatores agregados que influenciam os preços para cima.